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quinta-feira, dezembro 15, 2011

Natal. Que Natal? Leonardo Boff

Queridos amigos, com essa postagem encerro as atividades do Blog Filha do Céu no ano de 2011.
Prometo voltar em 2012 com mais disponibilidade para interagir com vocês, visitando e comentando nos blogs, atividade que amo fazer mas por motivos alheios a minha vontade não estou conseguindo realizar.
Um 2012 repleto de realizações, novos projetos e que consigamos realizar os projetos que por algum motivo ficará pendente.
Um grande abraço! Fiquem com Deus!!!



Que Natal podemos celebrar sob o abatimento que se estabeleceu nas consciências humanas devido ao terrorismo fundamentalista e o terrorismo da guerra que o Ocidente leva ao Afeganistão? Não será o Natal do lirismo tradicional, reforçado pela propaganda comercial. Será outro, mas, quem sabe, mais próximo ao Natal histórico do Filho de Deus nascido em terra dos atuais palestinos em Belém.
Jesus nasceu fora de casa, entre animais, numa manjedoura "porque não havia lugar para sua família na estalagem".
O evangelista João diz com infinita tristeza: "veio para o que era seu e os seus não o receberam". Desde o início está definida sua missão: estar do lado dos sem terra, sem teto, dos sem lugar social. A eles dirige primeiramente sua mensagem. Identifica-se com eles, como se diz na parábola do juizo final. Do ventre dos pobres Jesus continua nascendo, o libertador das gentes. Eles são a manjedoura onde ele repousa permanentemente.
Eles possuem muitos rostos ontem e hoje.
Em nosso pais são milhões de crianças abandonadas, tantas quantas toda a população da América Central. São os 52 milhões que passam fome. São os sofredores de rua, pivetes que sobrevivem de pequenos furtos. São as milhões de meninas que se prostituem para ajudar em casa. São cerca de 40 milhões de negros que carregam no corpo e na alma o estigma da discriminação. São os sobreviventes indígenas expulsos das terras que sempre foram suas. São os milhões de sem-terra que, como Abraãos, andam por aí errantes em busca de terra para morar e trabalhar.
São os operários empobrecidos, que se julgam ainda privilegiados por ser explorados pelo sistema do capital a preço de uma carteira de trabalho assinada e dos parcos benefícios da previdência social.
São todos esses, tidos por zeros econômicos, os esquecidos de nossa memória nacional, que são os irmãos e as irmãs mais pequeninos do Filho de Deus, encarnado em nossa miséria. Eles gritam: "Queremos viver. Queremos ser gente. Nós também somos filhos e filhas de Deus. Até quando, Senhor, até quando nos fazes esperar a tua vinda e, com ela, a tua justiça, a tua ternura, a tua paz"?
No Natal este lamento lancinante foi escutado. Deus deixa sua luz inacessível e seu mistério sacrossanto e vem morar no meio dos humilhados e ofendidos. Fez-se criança que choraminga entre o boi e o asno. E lhes faz entender:
- "Vocês são meus irmãos e irmãs, filhos e filhas do Pai querido. Quero ser para vocês o Emanuel, o Deus conosco. Eu enxugarei todas as lágrimas de seus olhos. Serei a vida e o direito que buscam. Meu nome é Jesus, o Deus-libertador, alegria para todo o povo". Passei por Belém de Judá e ouvi um sussurro terno. Era a voz de Maria embalando o filhinho:" Sol, meu filho, como posso cobrir-te de panos? Como vou amamentar-te, tu, que nutres a toda criatura"?
E José, perplexo, exclamava: "Como pode? Como pode ter forma de criança aquele que deu forma a todos os seres? Como pode fazer-se pequeno na Terra quem é grande no Céu? Como pode o estábulo conter aquele que contém todo o universo? Como podem seus bracinhos estarem enfaixados, se seu braço governa a Terra e o Céu? Como pode"? Eis que apareceram no presépio "a bondade e o amor humanitário de nosso Deus". Agora não se trata mais do Deus de quem se dizia: Grande é o nosso Deus, infinito o seu poder. Agora vale: Pequeno é o nosso Deus, infinito é o seu amor. Ele não temeu a matéria. Revestiu-se dela. Não receou a condição humana, por vezes trágica e sob muitos aspectos, absurda. Entrou inteiro nela para nunca mais sair dela.
Por isso, apesar das tribulções e angústias do tempo presente podemos ainda celebrar, reunir a família, tomar a ceia e trocarmos presentes. Para milhares, por causa da solidariedade humanitária, haverá comida na mesa e alegria nos olhos. Irmãos e irmãs, nesse dia olhemos para nossos morros, para nossos pobres na rua. Olhemos fundo: eles estão grávidos de Jesus Cristo que suplica nascer de novo mediante a solidariedade, a compaixão e a fraternura.
De nada vale Jesus nascer em Belém
Se não nascer em ti de novo.
Não o busques no além.
Faça-o nascer do povo.


Leonardo Boff

Teólogo, escritor e professor universitário brasileiro, notável integrante da Teologia da Libertação, lecionou Teologia e Espiritualidade em diversos centros de estudo e Universidades do Brasil e do exterior. Foi professor-visitante nas universidades de Lisboa (Portugal), Salamanca (Espanha), Harvard (EUA), Basel (Suíça) e Heidelberg (Alemanha).

Mesmo fora da Igreja ele prossegue incansável em sua batalha na Teologia da Libertação, como escritor, professor e palestrista em nosso país e no exterior, nas esferas da Ética, da Ecologia e da Espiritualidade, atuando como assessor do MST e das Comunidades Eclesiais de Base. Boff também trabalha para a vitória do ecumenismo, ou seja, pela união de todas as religiões. Aposentou-se como professor adjunto de Ética, Filosofia da Religião e Ecologia na Universidade do Rio de Janeiro. Atualmente ele viaja pelo Brasil realizando palestras sobre o conteúdo de sua obra, hoje composta por ficções e ensaios teológicos, espirituais, filosóficos, antropológicos e místicos, que somam mais de 60 livros, grande parte dela editada fora do Brasil. Sua publicação mais conhecida é A Águia e a Galinha. No dia 8 de dezembro de 2001 ele recebeu o Prêmio Nobel alternativo.

sábado, dezembro 10, 2011

Blogagem Coletiva - Sábado Azul



Hoje na Blogagem Coletiva Sábado Azul proposta pela amiga Tina do blog http://tinadiassonharerealizar.blogspot.com/ apresento pra vocês o meu neto Lucas que nasceu no dia 28 de novembro de 2011.
Começa agora uma nova vida, com um sentimento de carinho e união, só uma criança tão desejada e amada poderia trazer, ele chegou para trazer alegria, força, união e luz para toda a família. Que todas as bênçãos acompanhem a chegada do Lucas.
Os filhos são heranças de Deus, os netos verdadeiros presentes.
Lucas meu querido, você é um presente desejado e sonhado!

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Ser avó...


Ser avó é sentir felicidade
É conhecer um amor doce, profundo,
É viver de carinho e ansiedade,
É resumir nos netos o seu mundo!
Ser avó é voltar a ser criança,
É fazer tudo pelo neto amado...
É povoar a vida de esperança,
É reviver todinho o seu passado.
Ser mãe é dar o coração, eu creio,
Mas ser avó... que sonho abençoado!!!
É viver de ilusão, num doce enleio,
É viver no neto o amor ao filho amado...
(Autoria por mim desconhecida)


quarta-feira, dezembro 07, 2011

O que significa o Natal para mim?


Com carinho, minha participação na Blogagem Coletiva de Natal proposta pela amiga Roselia do Blog:
http://espiritual-idade.blogspot.com/

Para mim o Natal tem a ver com esperança de um mundo melhor, onde as pessoas podem amar e serem amadas. Sem guerra, sem mágoa, sem disputas, sem mal algum...Somente o bem reinará, o certo seria Jesus nascer todos os dias em nossos corações para nos fazer felizes, mas como há um dia para ser comemorado, o Dia do Natal para mim é de confraternização, perdão, ou seja, dar uma chance à alguém que nos magoou, se Jesus não nascer diàriamente nos nossos corações, em vão comemoramos o Natal no dia 25 de dezembro...
Este texto de Cecília Meireles mostra como o Natal está perdendo o seu verdadeiro significado. Confiram:


Compras de Natal

Cecília Meireles


A cidade deseja ser diferente, escapar às suas fatalidades. Enche-se de brilhos e cores; sinos que não tocam, balões que não sobem, anjos e santos que não se movem, estrelas que jamais estiveram no céu.
As lojas querem ser diferentes, fugir à realidade do ano inteiro: enfeitam-se com fitas e flores, neve de algodão de vidro, fios de ouro e prata, cetins, luzes, todas as coisas que possam representar beleza e excelência.
Tudo isso para celebrar um Meninozinho envolto em pobres panos, deitado numas palhas, há cerca de dois mil anos, num abrigo de animais, em Belém.
Todos vamos comprar presentes para os amigos e parentes, grandes e pequenos, e gastaremos, nessa dedicação sublime, até o último centavo, o que hoje em dia quer dizer a última nota de cem cruzeiros, pois, na loucura do regozijo unânime, nem um prendedor de roupa na corda pode custar menos do que isso.
Grandes e pequenos, parentes e amigos são todos de gosto bizarro e extremamente suscetíveis. Também eles conhecem todas as lojas e seus preços — e, nestes dias, a arte de comprar se reveste de exigências particularmente difíceis. Não poderemos adquirir a primeira coisa que se ofereça à nossa vista: seria uma vulgaridade. Teremos de descobrir o imprevisto, o incognoscível, o transcendente. Não devemos também oferecer nada de essencialmente necessário ou útil, pois a graça destes presentes parece consistir na sua desnecessidade e inutilidade. Ninguém oferecerá, por exemplo, um quilo (ou mesmo um saco) de arroz ou feijão para a insidiosa fome que se alastra por estes nossos campos de batalha; ninguém ousará comprar uma boa caixa de sabonetes desodorantes para o suor da testa com que — especialmente neste verão — teremos de conquistar o pão de cada dia. Não: presente é presente, isto é, um objeto extremamente raro e caro, que não sirva a bem dizer para coisa alguma.
Por isso é que os lojistas, num louvável esforço de imaginação, organizam suas sugestões para os compradores, valendo-se de recursos que são a própria imagem da ilusão. Numa grande caixa de plástico transparente (que não serve para nada), repleta de fitas de papel celofane (que para nada servem), coloca-se um sabonete em forma de flor (que nem se possa guardar como flor nem usar como sabonete), e cobra-se pelo adorável conjunto o preço de uma cesta de rosas. Todos ficamos extremamente felizes!
São as cestinhas forradas de seda, as caixas transparentes os estojos, os papéis de embrulho com desenhos inesperados, os barbantes, atilhos, fitas, o que na verdade oferecemos aos parentes e amigos. Pagamos por essa graça delicada da ilusão. E logo tudo se esvai, por entre sorrisos e alegrias. Durável — apenas o Meninozinho nas suas palhas, a olhar para este mundo.

Texto extraído do livro "Quatro Vozes", Editora Record - Rio de Janeiro, 1998, pág. 80.

segunda-feira, dezembro 05, 2011

Tudo passará - Chico Xavier


Todas as coisas, na Terra, passam…

Os dias de dificuldades, passarão…

Passarão também os dias de amargura e solidão…

As dores e as lágrimas passarão.

As frustrações que nos fazem chorar, um dia passarão.

A saudade do ser querido que está longe, passará.

Dias de tristeza… Dias de felicidade…

São lições necessárias que, na Terra, passam, deixando no espírito imortal as experiências acumuladas.

Se hoje, para nós, é um desses dias repletos de amargura, paremos um instante.

Elevemos o pensamento ao alto, e busquemos a voz suave da Mãe amorosa a nos dizer carinhosamente:

”Isso também passará… “

E guardemos a certeza, pelas próprias dificuldades já superadas, que não há mal que dure para sempre.

O planeta Terra, semelhante a enorme embarcação, às vezes parece que vai soçobrar diante das turbulências de gigantescas ondas.

Mas isso também passará, porque Jesus está no leme dessa Nau, e segue com o olhar sereno de quem guarda a certeza de que a agitação faz parte do roteiro evolutivo da humanidade, e que um dia também passará…

Assim, façamos a nossa parte o melhor que pudermos, sem esmorecimento, e confiemos em Deus, aproveitando cada segundo, cada minuto que, por certo….também passarão.

Emmanuel

Fonte: http://www.almacarioca.net/tudo-passara-chico-xavier/

domingo, dezembro 04, 2011

Desejos...


“Pois desejo primeiro que você ame e que amando, seja também amado.

E que se não o for, seja breve em esquecer e esquecendo não guarde mágoa.

Desejo depois que não seja só, mas que se for, saiba ser sem desesperar.

Desejo também que tenha amigos e que mesmo maus e inconseqüentes sejam corajosos e fiéis.

E que em pelo menos um deles você possa confiar e que confiando não duvide de sua confiança.

E porque a vida é assim, desejo ainda que você tenha inimigos, nem muitos nem poucos, mas na medida exata para que algumas vezes você interprele a respeito de suas próprias certezas.

E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo para que você não se sinta demasiadamente seguro.

Desejo depois que você seja útil, não insubstituívelmente útil mas razoavelmente útil.

E que nos maus momentos, quando não restar mais nada, essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.

Desejo ainda que você seja tolerante, não com que os que erram pouco, porque isso é fácil, mas com aqueles que erram muito e irremediavelmente.

E que essa tolerância nem se transforme em aplauso nem em permissividade, para que assim fazendo um bom uso dela, você dê também um exemplo para os outros.

Desejo que você sendo jovem não amadureça depressa demais,
e que sendo maduro não insista em rejuvenescer,
e que sendo velho não se dedique a desesperar.

Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e é preciso deixar que eles escorram dentro de nós.

Desejo por sinal que você seja triste, não o ano todo, nem um mês e muito menos uma semana,
mas um dia.

Mas que nesse dia de tristeza, você descubra que o riso diário é bom, o riso habitual é insosso e o riso constante é insano.

Desejo que você descubra com o máximo de urgência, acima e a despeito de tudo, talvez agora mesmo, mas se for impossível amanhã de manhã, que existem oprimidos, injustiçados e infelizes.

E que estão estão à sua volta, porque seu pai aceitou conviver com eles.

E que eles continuarão à volta de seus filhos, se você achar a convivência inevitável.

Desejo ainda que você afague um gato, que alimente um cão e ouça pelo menos um João-de-barro erguer triunfante seu canto matinal.

Porque assim você se sentirá bom por nada.

Desejo também que você plante uma semente por mais ridículo que seja e acompanhe seu crescimento dia a dia, para que você saiba de quantas muitas vidas é feita uma árvore.

Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro porque é preciso ser prático. E que pelo menos uma vez por ano você ponha uma porção dele na sua frente e diga: Isto é meu.

Só para que fique claro quem é o dono de quem.

Desejo ainda que você seja frugal, não inteiramente frugal, não obcecadamente frugal, mas apenas usualmente frugal.

Mas que essa frugalidade não impeça você de abusar quando o abuso se impor*.

Desejo também que nenhum de seus afetos morra, por ele e por você. Mas que se morrer, você possa chorar sem se culpar e sofrer sem se lamentar.

Desejo por fim que,
sendo mulher, você tenha um bom homem
e que sendo homem tenha uma boa mulher.

E que se amem hoje, amanhã, depois, no dia seguinte, mais uma vez e novamente de agora até o próximo ano acabar.

E que quando estiverem exaustos e sorridentes, ainda tenham amor pra recomeçar.

E se isso só acontecer, não tenho mais nada para desejar”

Sérgio Jockymann

Fonte: Folha da Tarde – Porto Alegre – 30 de Dezembro de 1978(extraído do jornal escaneado presente no Blog de Emílio Pacheco)

Observação: Toda pontuação e formatação do texto foram mantidas de acordo com o original.

sábado, dezembro 03, 2011